Salvo raríssimas exceções, creio, sairemos diferentes dessa pandemia, com maior empatia e respeito à vida; até alguns dias atrás, falar em compaixão era quase uma sentença de morte digital; ainda mais no facebook ou no instagram.
Agora, um vírus letal vem matando esquerdistas, direitistas, extremistas ou não; também, católicos, protestantes, muçulmanos, em fim, tudo quanto é religião; negros, brancos, asiáticos…pobres, ricos, empresários, operários, e servidores públicos.
Afinal, o vírus é um ser, um elemento da natureza, que não se curva aos interesses mesquinhos e separatistas dos homens.
Como a mão pesada de Deus, querendo nos acordar de nossos pesadelos de ganância e domínio político e religioso sobre os homens, vamos sendo obrigados a enxergar que a morte nos espreita em cada esquina, cada lugar, pondo em xeque nosso tão apregoado sucesso material.
Creio que esse era o fim dos tempos anunciado por profetas da história e de várias religiões. O fim do tempo da ganância, do lucro acima da vida, do crescimento econômico liberal, frio e calculista. Do Estado mínimo, parafraseando Karnal, da mediocridade e da hipocrisia dos governos totalitários e de seus fanáticos seguidores.
Um fim triste, mas que deve ser respeitado, ao menos em memória dos mais de 200 mil mortos pelo mundo, muitos, entregues de volta à Terra em valas comunitárias, quase a metade de habitantes da minha cidade, Bauru, onde ainda aguardamos para as próximas semanas contaminações descontroladas.